terça-feira, 7 de setembro de 2010

OPUS DEI - O EXÉRCITO DO PAPA

Imagine sua mente sendo monitoradas 24 horas por dia. Você está num lugar onde não é permitido ver televisão ou ir ao cinema. Até o jornal chega editado às suas mãos. Ninguém pode ter amigos do lado de fora e o contato com a família é restrito. Pelo menos duas horas por dia, você tem de amarrar um cilício na coxa – espécie de instrumento de tortura com pontas metálicas que machucam a pele. Quanto maior for o seu desconforto, melhor: se doer demais você poderá trocar de coxa. Tem de machucar, deixar marcas. Caso contrário, não “faz efeito”.
Uma vez por semana, você terá também de golpear suas nádegas ou suas costas com um chicote. E ainda passará pelo que é chamado de “sinceridade selvagem”: contar aos seus superiores cada pensamento que passa pela sua cabeça, principalmente aqueles segredos mais íntimos, sobre os quais não se comenta nem no banheiro e de luz apagada. Se você não revelar tudo mesmo estará mantendo um “segredo com Satanás”.

Cilício metálico de coxa e o chicote de cordas

As situações descritas acima não ocorrem nos porões de uma ditadura ou no ritual de alguma seita satânica. Elas são rotina nas residências do Opus Dei, onde vivem os chamados numerários que fazem voto de castidade e estão ali por opção, para “santificar” o mundo. A maioria tem profissão e trabalha normalmente, como outra pessoa qualquer. Mas seus salários vão integralmente para o Opus Dei e foram recrutados ainda bem jovens.
- “O aliciamento acontece na infância ou na juventude, pois é mais fácil doutrinar uma personalidade ainda em formação. Eles começam levando crianças para brincar numa espécie de clube e vão seduzindo aos poucos.”, diz um ex-numerário, que só aceitou falar mediante o compromisso de não ser identificado.
- “Eu mesmo convidava colegas de escola para fazer parte do clube. Obedecia ao que o diretor mandava: ‘Não conte que é do Opus Dei. Leve primeiro para conhecer o centro, faça com que a pessoa se envolva’.”.
O Opus Dei não é feito só de numerários: há também os supernumerários. Esses podem se casar, ter filhos e viver em suas próprias casas, embora também recorram à penitência física como uma forma de controlar instintos pecadores. Uma das funções secretas desses membros, de acordo com os críticos da organização, seria ocupar posições de liderança na sociedade – seja num cargo político, na direção de uma grande empresa, na presidência de um banco, na reitoria de uma universidade ou na chefia de um veículo de comunicação. Do alto desses postos de comando, a capacidade de expansão e o poder de influência do Opus Dei estariam assegurados.

O TRABALHO

Os numerários e supernumerários estão por toda parte. Afinal, é justamente essa a proposta do Opus – ser uma legião de homens e mulheres comuns, que se misturam ao mundo real para transformá-lo de dentro para fora. Do motorista de táxi ao ministro de Estado, da dona-de-casa à diretora de uma multinacional, todos devem ser engrenagens e trabalhar silenciosamente pelos objetivos da organização. Como dizia Josemaría Escrivá, fundador do grupo:
- “Seja santo. Santifique-se em seu trabalho. E santifique os outros com seu exemplo.”.
Quem defende essa instituição religiosa das acusações de ultraconservadora, totalitária e conspiradora garante que não há nada de errado com suas tradições, muito menos de secreto ou misterioso nas ações de seus integrantes.
- “Para quem conhece e vivencia o Opus Dei, acima da pirotecnia fica a verdade: ele é uma entidade da Igreja Católica Apostólica Romana cuja única finalidade é procurar o ideal da vida e de serviço cristão no meio do mundo, mediante a santificação do trabalho profissional, da família e dos deveres cotidianos. O Opus Dei tem como membros e trabalha com pessoas de todas as classes sociais. Ama e defende a liberdade de seus fiéis em todas as questões que a Igreja Católica Apostólica Romana deixa à livre à discussão dos católicos.”, afirma o jurista Ives Gandra Martins, num artigo publicado pelo jornal Folha de São Paulo em 2005.
A AUTONOMIA

O OPUS DEI – Obra de Deus – foi fundado pelo sacerdote espanhol Josemaría Escrivá em 1928. Trata-se de uma prelazia pessoal, figura jurídica da Igreja Católica Apostólica Romana que está prevista no Código de Direito Canônico - a sua constituição. Ela dá aos seus membros o direito de seguir ordens do prelado - o líder máximo do Opus Dei, que fica em Roma, em vez de obedecer à autoridade católica regional. Como se o grupo fosse um braço independente da Igreja Católica Apostólica Romana, que não deve explicações a mais ninguém além do Papa.
- “A ascensão do Opus Dei à categoria de prelazia pessoal era o grande sonho de seu fundador.”, escreve o jornalista espanhol Juan Bedoya em artigo recente no jornal El País.
- “Homem de grandes ambições, Escrivá queria livrar-se das dependências em relação aos bispos porque sua fundação, então com 70 mil integrantes – a imensa maioria leigos, homens e mulheres, celibatários ou casados –, tinha pouco a ver com os institutos e as congregações tradicionais.”.
Os 70 mil seguidores de 25 anos atrás hoje são aproximadamente 87 mil. Na avaliação de Bedoya, esses números demonstram com sobras a situação especial desfrutada pelo Opus Dei dentro da sempre rígida Igreja Católica Apostólica Romana.
- “No último meio século, ninguém se destacou tanto quanto a Obra de Escrivá. Não se pode dizer a mesma coisa de outras congregações clássicas, como os jesuítas, que hoje são apenas 19 mil no mundo todo. Ainda assim, e apesar de estar presente em 64 países, o Opus Dei continua sendo fundamentalmente espanhol. Agora o objetivo é a conquista dos ex-países comunistas do Leste Europeu.”, disse o jornalista.
Na Espanha estão concentrados mais de 40% de seus membros. Outros 35% estão na América Latina. A organização também tem seus pés muito bem fincados na África e na Ásia.
Nesses 25 anos de história, o Opus Dei colecionou críticos. Alguns de seus detratores mais radicais chegam a chamá-lo de “máfia santa”. Outros o acusam de ser “uma Igreja dentro da Igreja”, com poderes excepcionais e muito dinheiro sendo colocado a serviço de um conservadorismo atroz. Em parte, essa fama se deve às estreitas relações que a organização cultivou com o regime fascista do ditador espanhol Francisco Franco, de 1939 a 1975. Josemaría Escrivá, ouvia as confissões do “generalíssimo”, como Franco era conhecido, e muitos integrantes ou colaboradores do Opus Dei foram nomeados ministros de Estado enquanto durou a sua ditadura.
A organização chegou ao Brasil na década de 1950. Instalou-se inicialmente em Marília, no interior de São Paulo, e de lá acabou migrando para a capital, onde hoje mantém centros nos bairros do Pacaembu, Vila Mariana, Pinheiros e Itaim, entre outros. Está presente também nas cidades de Campinas e São José dos Campos, Estado de São Paulo, Rio de Janeiro e Niterói, Estado do Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais, Brasília, Distrito Federal, Curitiba e Londrina, Estado do Pará e Porto Alegre no Estado do Rio Grande do Sul. Entre numerários, supernumerários e sacerdotes, estima-se que o Opus Dei tenha cerca de 1.700 integrantes no Brasil.

PREEMINÊNCIAS

A influência que a “Obra de Deus” exerce sobre o Vaticano pode ser medida pelo processo incrivelmente rápido de canonização de Escrivá – o 2º mais breve na história da Igreja Católica Apostólica Romana, atrás apenas do de madre Teresa de Calcutá. De acordo com Juan Bedoya, o papa João Paulo II chegou ao cargo protegido e impulsionado, sobretudo pelo Opus Dei. E o atual sumo pontífice Bento XVI também tem profunda simpatia pela “Obra”.
- “A organização não gozou de trato especial com os papas Pio XII, João XXIII e Paulo VI, mas foi o movimento predileto do polonês João Paulo II, mais conservador que os anteriores. Com o papa Bento XVI, a organização mantém a preeminência do passado.”, afirma o jornalista espanhol.

“MÃOS À OBRA”

Personalidades importantes estão ligadas ao Opus Dei, como: - Geraldo Alckmin que foi governador do Estado de São Paulo e que nega fazer parte do Opus Dei, mas é tido como o político brasileiro de relações mais estreitas com a organização; Ives Gandra Martins está entre os mais respeitados juristas do Brasil e freqüenta reuniões do Opus Dei desde 1963. Admite conhecer “intimamente” o grupo religioso há décadas; Ruth Kelly, supernumerária, é integrante do Parlamento britânico pelo Partido Trabalhista e que já foi secretária de Educação e de Transportes do Reino Unido; Paola Binetti, médica, professora universitária e senadora italiana. É numerária e no senado, defende posições conservadoras – contra o aborto e o casamento gay; Adolfo Suárez, é supernumerário e foi primeiro-ministro da Espanha de 1976 a 1981, no primeiro regime democrático do país depois da ditadura de Francisco Franco; Jesus Estanislao; foi ministro das Filipinas durante o governo da presidenta Corazón Aquino, de 1989 a 1992, numerário, é um dos responsáveis pela chegada do grupo àquele país; Robert Hanssen, americano e ex-agente do FBI, trabalhou como espião para a URSS por mais de 20 anos, foi supernumerário, mas abandonou o Opus Dei depois de ser preso; Luis Valls, é numerário do Opus e um dos banqueiros mais importantes da Espanha, foi presidente do Banco Popular, o 3º maior do país de 1972 a 2004.

JOSE MARÍA ESCRIVÁ

Fundador do Opus Dei que virou santo era sacerdote espanhol – falecido em 1975. Nascido no ano de 1902, José Maria Escrivá teria resolvido dedicar sua vida ao sacerdócio quando, no rigor do inverno europeu, viu um padre caminhando descalço sobre a neve. Segundo a história oficial, o jovem sentiu-se compelido a seguir o exemplo e também oferecer-se a Deus.
José Maria Escrivá afirmava ter tido uma visão depois de ordenado, aos 26 anos: homens e mulheres realizando a “Obra de Deus” e mudando os rumos da história. Assim ele teria tido a idéia de criar o Opus Dei. Depois de fundar a ordem em Madri, no ano de 1928, saiu arrebanhando seguidores. Mas logo esbarraria na Guerra Civil Espanhola, em 1936. José Maria Escrivá abandonou a cidade e interrompeu a expansão do Opus Dei, retomando-a só em 1939, com o fim da guerra e a manutenção do ditador Francisco Franco no poder.
Chicotadas nas próprias costas é uma das modalidades de autoflagelo à qual os seguidores do Opus Dei recorrem pelo menos uma vez por semana. A pequena corda com nós usada para isso, conhecida como “disciplina”, geralmente não deixa marcas.
O cilício tem pontas de ferro que penetram na carne. Para a maioria dos numerários, esse tipo de penitência física é uma prática corriqueira: eles passam pelo menos duas horas por dia com esse instrumento de tortura amarrado perto da virilha.
No símbolo oficial do Opus Dei, o círculo representa o mundo e a cruz é a marca do cristianismo inserida nele. Trata-se de uma representação do sonho que José Maria Escrivá a “Obra de Deus” alcançando cada canto do planeta, pelas mãos de seus seguidores.
Javier Echevarría é o atual dirigente da Opus Dei. É o prelado do Opus Dei – cargo máximo do grupo, vitalício – e não responde a mais ninguém além do papa. Espanhol, nascido em 1932, formou-se advogado, especializando-se em direito civil e direito canônico. Entrou para a organização em 1948, com apenas 16 anos, mas só foi ordenado sacerdote em 1955. Dom Javier, como é chamado, foi secretário de Josemaría Escrivá durante 22 anos. Ao assumir o comando em 1994, nomeado prelado pelo papa João Paulo II, tornou-se o 3º prelado da ordem desde a sua fundação. Integra a congregação que controla processos de canonização desde 1981, foi chanceler da Universidade de Navarra e de outras instituições de ensino. Ao contrário de Escrivá, prefere manter sua biografia cercada de mistério. Ele substituiu Álvaro del Portillo, sucessor direto de Escrivá e é conhecido por viajar o mundo inteiro para divulgar a “Obra” e abrir portas para o diálogo entre crenças e culturas distintas.
Alguns livros estão proibidos pelo Opus Dei que tenta com que os seus seguidores de não os lerem. A ordem classifica obras literárias numa escala que vai de 1 a 6: no primeiro nível estão os livros permitidos a todos e no último, os totalmente proibidos, como O Capital de Karl Marx; Além do Bem e do Mal de Nietzsche; Cândido de Voltaire; O Evangelho Segundo Jesus Cristo de José Saramago; O Diário de um Mago de Paulo Coelho; Presente de um Poeta de Pablo Neruda; Ulisses de James Joyce; Madame Bovary de Gustav Flaubert; Em Busca do Tempo Perdido de Marcel Proust, entre outros.

* Com os textos de Mariana Sgarioni e Mauricio Manuel;
Opus Dei: Os Bastidores de Marcio F. da Silva, Dario F.
Ferreira e Jean Lauand, Verus – 2005 e Memórias Sexuais
no Opus Dei de Antônio Carlos Brolezzi, Panda 2006.
MARIA MADALENA


Maria Madalena é descrita no Novo Testamento como uma das discípulas mais dedicadas a Jesus Cristo. É considerada santa pelas igrejas Católica, Ortodoxa e Anglicana, sendo celebrada no dia 22 de julho. É também comemorada pela Igreja Luterana com festividades no mesmo dia. A Igreja Ortodoxa também a celebra no segundo domingo após a Páscoa. O nome de Maria Madalena a descreve como sendo natural de Magdala, cidade localizada na costa ocidental do Mar da Galileia.

É muito citada no Codex Sinaiticus: - valioso documento dos primeiros cristãos -. Estes escritos podem ser considerados de uma veracidade única. Podem ter sido baseados em fontes de primeira mão ou testemunhas oculares. Pode-se imaginar, como e o porque se fez um esforço tão grande para ocultar-los. Pode-se imaginar que esses escritos deviam ter relatos que não convinham aos teólogos revisores cristãos oficiais posteriores.

São Gregório Magno diz que Maria Madalena amava tanto a Jesus Cristo que não se afastou do seu sepulcro, chorando, sentia saudade daquela que julgava ter sido roubado. Por isso, somente ela o viu, porque somente ela perseverara. Ele é compara a Davi, quando no Salmo diz: -“ Minha alma tem sede de Deus e deseja o Deus vivo, Sl 41,3”. Ao reconhecer Jesus Cristo, imediatamente o coloca acima, chamando-o Mestre. O termo empregado por ela, "Rabuni", é mais solene que "Rabi", e é usado principalmente quando se refere a Deus, da mesma maneira que o fez, por exemplo, São Tomé.

Alguns escritores e estudiosos contemporâneos, principalmente Margaret George, Henry Lincoln, Michael Baigent e Richard Leigh, autores do livro O Santo Graal e a Linhagem Sagrada, 1982, e Dan Brown autor do romance O Código da Vinci, 2003, narram Maria Madalena como uma dos principais apóstolos, mulher de Jesus Cristo que teve com ele, inclusive, filhos.

Praticamente todos os teólogos cristãos consideram inaceitável a história narrada no romance de Dan Brown. Argumentam que Leonardo da Vinci se inspirou no Evangelho de João, no texto João 21:20, em que se fala do discípulo amado - que seria o próprio apóstolo João - e não propriamente nas passagens referentes à instituição da Última Ceia.

Outros estudiosos consideram a teoria fantasiosa, afirmando uma vez que a própria existência de Jesus Cristo não está comprovada até hoje, e que qualquer hipótese relativa a tão obscuras e confusas tradições e escritos pode ser levada em consideração para análises à luz indispensável da Ciência. Mas a história filosófica descreveu Jesus Cristo, como é o caso de Flávio Josefo e Públio Cornélio Tácito; o primeiro um historidor judeu e o último um bibliotecário romano que escreveu a biografia de Nero César.

A face feminina de Deus, como o foi Ísis e Eurídice, a representação da Sofia grega, que Pitágoras e Parmênides encaravam como a uma deusa é representada por Maria Madalena. Não basta aceitar e declarar a união espiritual da Madalena e de Jesus, para Margareth Starbird, é necessário reconhecer o papel arquetípico da sua união, uma união sagrada, que também ocorreu no plano físico.

Os Evangelhos de Maria Madalena trazem uma nova interpretação de quem teria sido Maria de Magdala. Segundo este evangelho, ela teria sido uma discípula de suma importância à qual Jesus Cristo teria confidenciado informações que não teria passado aos outros discípulos, sendo por isso questionada por Pedro e André. Ela surge ali como confidente de Jesus, alguém, portanto, mais próximo de Jesus do que todos os demais. Diz o Evangelo de Maria Magdala, em um trecho: - “O apego à matéria gera uma paixão contra a natureza. É então que nasce a perturbação em todo o corpo; é por isso que eu vos digo: Estejais em harmonia… Se sois desregrados, inspirai-vos em representações de vossa verdadeira natureza.”.

Até os dias de hoje o que parte das pessoas tem em mente sobre Maria Madalena é que, ela era uma prostituta arrependida de seus pecados e salva por Jesus.

Por quase 2 mil anos Madalena foi estigmatizada como uma mulher promíscua, devassa. Somente no ano de 1969 é que, o Vaticano acabou corrigindo essa afirmação, ou seja, 1.378 anos mais tarde.

Segundo o livro “O Código Da Vinci” de Dan Brown, e outros historiadores renomados afirmam que, “em lugar nenhum, a Bíblia diz que Maria Madalena era prostituta, e que essa representação de promiscuidade imposta a ela é difamatória e está errada. Na Bíblia, as imagens freqüentemente associadas a ela são a da pecadora que unge os pés de Jesus, Lucas 7, 36-38, a da mulher que derrama óleo perfumado sobre Sua cabeça, Mateus 26, 6-7, e a da esposa que está preste a ser apedrejada por adultério e é salva por Cristo, João 8, 3-12. Porém, nenhuma delas é, de fato, Madalena.

Jesus Cristo teria dito: - "Todas as espécies, todas as formações, todas as criaturas estão unidas, elas dependem umas das outras, e se separarão novamente em sua própria origem. Pois a essência da matéria somente se separará de novo em sua própria essência. Quem tem ouvidos para ouvir que ouça.", Evangelho segundo Maria Madalena.