sábado, 2 de outubro de 2010

BHAGWAN SHREE RAJNEESH – OSHO


Bhagwan Shree Rajneesh

Osho originalmente é um título de reverência concedido a certos mestres na tradição Zen do Budismo: "Osho Bodhidharma" ou simplesmente “Osho” atualmente é o título mais comumente relacionado com filósofo indiano originalmente conhecido como Bhagwan Shree Rajneesh.

RAJNEESH CHANDRA MOHAN JAIN

Rajneesh Chandra Mohan Jain nasceu em Kuchwada, Madhya Pradesh, Índia no dia 11 de Dezembro de 1931 e faleceu em Puna no 19 de Janeiro de 1990, foi o fundador de um movimento filosófico-religioso, primeiro na sua terra natal e mais tarde nos Estados Unidos da América. Durante a década de 1970 foi conhecido pelo nome de Bhagwan Shree Rajneesh e mais tarde como Osho.
Desde sua infância, na Índia, Osho deixava claro que não seguiria as convenções do mundo à sua volta. Passou os primeiros sete anos de sua vida com seus avós maternos, que lhe permitiram liberdade de ser ele mesmo, o que raramente acontece com as crianças. Ele era uma criança solitária, preferindo passar longas horas sentado em silêncio ao lado de um lago, ou explorar as redondezas sozinho. A morte de seu avô materno, diz ele, teve um efeito profundo em sua vida interior, provocando-lhe uma determinação de descobrir o imortal da vida. Ao se juntar à crescente família de seus pais e entrar na escola, estava firmemente fundamentado na clareza e no senso de si mesmo, que lhe deram a coragem de desafiar todas as tentativas dos mais velhos de moldarem a sua vida.
Ele nunca fugia de controvérsias. Para Osho, a verdade não pode fazer concessões, pois assim deixa de ser verdade. E a verdade não é uma crença, mas uma experiência. Ele nunca pediu às pessoas para acreditarem no que ele diz, mas, ao contrário, pede que experimentem e percebam por si mesmas se o que ele está dizendo é verdadeiro ou não. Ao mesmo tempo, ele é implacável ao encontrar meios e maneiras de revelar o que as crenças de fato são - meros consolos para amenizar nossas ansiedades frente ao desconhecido, e barreiras para o encontro de uma realidade misteriosa e inexplorada.
Após sua iluminação, aos vinte e um anos de idade, Osho completou seus estudos acadêmicos e passou vários anos ensinando filosofia na Universidade de Jabalpur. Enquanto isso, viajava pela Índia proferindo palestras, desafiando líderes religiosos ortodoxos, em debates públicos e encontrando pessoas de todas as posições sociais. Ele leu extensivamente tudo o que pôde encontrar para expandir sua compreensão dos sistemas de crença e da psicologia do homem contemporâneo.
No final da década de 60, Osho começou a desenvolver suas técnicas de meditação ativa. O ser humano moderno, ele disse, está tão sobrecarregado com as tradições antiquadas do passado e com as ansiedades da vida moderna, que precisa passar por um profundo processo de limpeza antes de poder descobrir o estado de meditação relaxado e sem pensamento.
Começou a conduzir campos de meditação por toda a Índia, proferindo discursos aos participantes e orientando pessoalmente meditações por ele desenvolvidas.
No início dos anos 70 os primeiros ocidentais começaram a ouvir falar de Osho, e juntaram-se ao crescente número de indianos que foram iniciados por ele no neo-sannyas. Em 1974, uma comuna estabeleceu-se à volta de Osho, em Puna, Índia, e logo os poucos visitantes do Ocidente tornaram-se bastante numerosos. Muitos eram terapeutas que se deparavam com as limitações das terapias ocidentais e que procuravam uma abordagem que pudesse alcançar e transformar as profundezas da psique humana. Osho os encorajou a contribuírem com suas habilidades à comuna e trabalhou intimamente com eles para desenvolverem suas terapias no contexto da meditação.
O problema com as terapias desenvolvidas no Ocidente, ele disse, é que elas estão limitadas a tentar tratar a mente, enquanto que o Oriente há muito compreendeu que a própria mente, ou melhor, nossa identificação com ela, é o problema. As terapias podem ser úteis - como os estágios catárticos das meditações que desenvolveu - para aliviar as pessoas de suas emoções e medos reprimidos, e para auxiliá-las a se perceberem mais claramente. Porém, a não ser que comecemos a nos desapegar dos mecanismos da mente e suas projeções, desejos e medos, iremos sair de um buraco somente para cair num outro. A terapia, portanto, deve andar de mãos dadas com o processo de desidentificação e testemunho, conhecido como meditação.
No final dos anos 70, a comuna em Puna abrigava o maior centro de terapia e crescimento do mundo, e milhares de pessoas vinham participar dos grupos de terapia e meditação, sentar com Osho em seus discursos diários e contribuir com a vida da comuna. Alguns retornavam a seus países e estabeleciam centros de meditação.




De 1981 a 1985, o experimento de comuna ocorreu nos Estados Unidos, numa região de mais de duzentos quilômetros quadrados, no alto deserto do Oregon. A ênfase primordial da vida da comuna era construir a cidade de Rajeeshpuram, um "oásis no deserto". E num período de tempo milagrosamente curto, a comuna construiu casas para cinco mil pessoas e começou a reverter décadas de estragos - devido ao excessivo uso da terra - restaurando riachos, construindo lagos e reservatórios, desenvolvendo uma agricultura auto-suficiente e plantando milhares de árvores.
Em Rajneeshpuram, meditações e programas de terapia aconteciam na Rajneesh International Meditation University. As facilidades modernas construídas para a Universidade e seu meio ambiente acolhedor possibilitaram profundidade e expansão de seus programas, o que antes não era possível. Cursos e treinamentos de longa duração foram desenvolvidos, e atraíram um grande número de participantes, incluindo muitos que já eram profissionais, mas que desejavam expandir suas habilidades e o entendimento de si mesmos.
No final de 1985, contudo, a oposição do governo local e federal a Osho e à comuna tornou impossível a continuação do experimento. A comuna foi dispersa e Osho encaminhou-se para um tour pelo mundo, concedendo entrevistas à imprensa e proferindo discursos para discípulos no Himalaia, na Grécia e no Uruguai, antes de retornar à Índia, em meados de 1986.
Em janeiro de 1987, Osho restabeleceu-se em Puna, proferindo discursos duas vezes ao dia. No prazo de alguns meses a comuna de Puna começou um programa completo de atividades e se expandiu muito mais do que anteriormente. Foi mantido o padrão de conforto moderno estabelecido nos Estados Unidos, e Osho deixou claro que a nova comuna de Puna deveria ser um oásis do século XXI, mesmo na Índia subdesenvolvida. Mais e mais pessoas vinham do Oriente, particularmente do Japão, e suas presenças trouxeram um enriquecimento correspondente nos programas de cura e de artes marciais. Artes visuais e de performance também floresceram, juntamente com a nova Escola de Mistério. A diversidade e a expansão refletiram-se na escolha, por Osho, do nome Multiversidade, que abrigava todos os programas.
E a ênfase na meditação fortaleceu-se ainda mais - esse era um tema constantemente abordado nos discursos de Osho, e ele desenvolveu e introduziu muitos novos grupos de meditação, incluindo a No-Mind, a Rosa Mística e o Born Again.
Lápide: - Cerca de nove meses antes de deixar seu corpo, Osho permaneceu em Puna e ditou a inscrição para o seu samadhi, a cripta de mármore e espelho que contém suas cinzas. “Osho - nunca nasceu, nunca morreu. Apenas visitou este planeta Terra entre 11 de Dezembro de 1931 e 19 de Janeiro de 1990.”.

RAJNEESHPURAM - EUA 1980 A 1985

Bhagwan

Em primeiro de maio de 1981, Bhagwan ou Rajneesh Chandra Mohan Jain ou Osho Bodhidharma ou Osho parou de falar e iniciou uma fase de “comunhão silenciosa de coração a coração”, enquanto seu corpo, agora sofrendo de graves problemas de coluna, descansava. Bhagwan foi levado aos Estados Unidos por seus médicos e acompanhantes pela eventual necessidade de uma cirurgia de emergência. Seus discípulos americanos compraram um rancho de 64.000 acres no deserto do Oregon Central. Convidaram Bhagwan a ir para lá onde ele se recuperou rapidamente. Uma comuna agrícola modelo cresceu ao seu redor com uma velocidade alucinante e resultados impressionantes, transformando as terras cansadas, pedregosas e áridas de um deserto em um oásis verde, capaz de alimentar uma cidade de 5.000 habitantes.
Nos festivais anuais de verão, organizados para os amigos de Bhagwan de todo o mundo, até 20.000 visitantes eram acomodados e alimentados na nova cidade de Rajneeshpuram. Paralelamente ao rápido crescimento da comuna no Oregon, surgem outras grandes comunas em todos os principais países do Ocidente e no Japão – comunas que viviam de maneira independente. Por essa época Bhagwan solicitava residência permanente nos EUA como líder religioso, mas teve seu pedido recusado pelo governo americano; uma das razões alegadas foi seu voto público de silêncio. Ao mesmo tempo, cresciam as investidas legais por parte do governo do Oregon e da maioria cristã do estado, contra a nova cidade. As leis que disciplinavam o uso da terra no Estado do Oregon, criadas para a proteção do ambiente natural, transformaram-se na principal arma contra uma cidade cujos habitantes não haviam medido esforços para recuperar a fertilidade da terra árida, para reviver o ambiente natural tão empobrecido – de fato, a cidade transformara-se num modelo ecológico para todo o mundo. Em outubro de 1984, Bhagwan começou a falar a pequenos grupos em sua residência e, em julho de 1985, voltou a fazer discursos para milhares de buscadores, todas as manhãs no Rajneesh Mandir.
Em 14 de setembro de 1985, o secretário pessoal de Bhagwan e diversos membros da direção da comuna partem repentinamente e todo um conjunto de atos ilegais cometidos por esse grupo vem à tona. Bhagwan convidou as autoridades para que procedessem a todas as investigações necessárias. Usando essa oportunidade, as autoridades aceleram sua luta contra a comuna.


Em 29 de outubro de 1985, Bhagwan foi preso, sem um mandato de prisão, em Charlotte, Carolina do Norte. Durante a audiência em que tratavam de sua fiança, Bhagwan foi acorrentado. Sua viagem de volta ao Oregon, onde seria julgado – normalmente um vôo de cinco horas – demorou oito dias. Por alguns dias, ninguém soube de seu paradeiro. Mais tarde ele revelaria que, na Penitenciária do Estado de Oklahoma, fora registrado sob o nome de David Washington, e colocado numa cela de isolamento com outro prisioneiro que sofria de herpes infecciosa, doença que poderia ter sido fatal para Bhagwan.
Uma hora antes de ser finalmente libertado, depois de uma provocação de 12 dias em prisões, uma bomba foi descoberta na cadeia de Portland, presídio de máxima segurança do Oregon, onde Bhagwan estava detido. Todos foram evacuados exceto Bhagwan que foi mantido mais de uma hora dentro da cadeia.
Durante um discurso público em 6 de novembro de 1987, Osho declarou acreditar que o governo dos EUA o tenha envenenado com tálio durante os doze dias que esteve sob sua custódia.
Em meados de novembro de 1985, seus advogados aconselharam-no a confessar-se culpado em duas das trinta e quatro “violações de imigração” das quais era acusado, para evitar que sua vida corresse outros riscos nas garras do sistema judiciário americano. Bhagwan concordou, foi multado em quatrocentos mil dólares e obrigado a deixar os EUA, sem poder voltar por cinco anos. Deixando o país no mesmo dia, Bhagwan voou para a Índia, em um jato particular, onde permaneceu em repouso nos Himalaias. Uma semana mais tarde, a comuna no Oregon resolveu dispersar-se.
Numa conferência de imprensa o procurador dos EUA, Charles Turnês, fez três declarações notáveis ao responder à pergunta: porque não foram feitas a Bhagwan as mesmas acusações feitas à sua secretária?
Turner disse que a prioridade do governo era destruir a comuna e que as autoridades sabiam que a remoção de Bhagwan precipitaria isso. Em segundo lugar, eles não desejavam transformar Bhagwan em um mártir. Em terceiro, não havia qualquer evidência que implicasse Bhagwan em quaisquer dos crimes.

- Com Wikipédia e Gabriel Dread

 

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

JIDDU KRISHNAMURTI


Jiddu Krishnamurti nasceu na Índia em 1895 e a partir dos treze anos de idade passou a ser educado pela Sociedade Teosófica, que o considerava o veículo para o "Instrutor do Mundo", cujo advento proclamavam. Krishnamurti logo emergiu como um poderoso, descompromissado e inclassificável instrutor, cujas palestras e escritos não estavam vinculadas a nenhuma religião específica, não sendo do Oriente nem do Ocidente, mas para o mundo todo. Repudiando com firmeza a imagem messiânica, em 1929 dissolveu dramaticamente a grande e rica organização que havia sido criada à sua volta, e declarou ser a verdade "uma terra sem caminhos", à qual nenhuma religião formalizada, filosofia ou seita daria acesso.
Nesta ocasião, um repórter, considerando um ato espetacular dissolver uma organização com milhares de membros, perguntou-lhe quem se interessaria em escutá-lo, se não queria seguidores?
Krishnamurt respondeu:
- "Se houver apenas cinco pessoas que queiram escutar, que queiram viver, que tenham a face voltada para a eternidade, será o suficiente. De que servem milhares que não compreendem, completamente imbuídos de preconceitos, que não desejam o novo ... ? Gostaria que todos os que queiram compreender sejam livres, não para me seguir, não para fazer de mim uma gaiola, que se torne uma religião, uma seita. Deverão estar livres de todos os temores ..., do medo da espiritualidade, do medo do amor, do medo da morte, do medo da própria vida.".
Pelo resto de sua vida Krishnamurti insistentemente rejeitou a posição de guru que tentaram lhe impingir. Continuou a atrair grande audiência através do mundo, mas não reivindicava autoridade, não queria discípulos, e falava sempre como um indivíduo fala a outro. No cerne do seu ensinamento estava a conscientização de que é possível produzir mudanças fundamentais na sociedade apenas pela transformação da consciência individual. Enfatizava constantemente a necessidade de auto conhecimento, e da compreensão da influência restritiva e separativa dos condicionamentos religiosos e nacionalistas. Apontava sempre para a necessidade urgente de abertura, do "vasto espaço no cérebro no qual há inimaginável energia". Isto parece ter sido a fonte de sua própria criatividade e a chave para seu impacto catalítico sobre uma ampla gama de pessoas.
Krishnamurti continuou falando pelo mundo até sua morte, em 1986, aos noventa anos de idade. Suas palestras e diálogos, diários e cartas têm sido preservados em livros e gravações.
Falou em várias universidades, a professores e a grupos de estudantes, nos EUA, na Europa e Índia. Foi freqüentemente procurado por pensadores e cientistas, com os quais estabeleceu debates.
A educação constituiu sua principal preocupação, desde muito jovem, tendo fundado várias escolas. Hoje estes centros educacionais são renomados e recebem jovens de todas as partes do mundo. As mais famosas são as de Brockwood Park, na Inglaterra, para jovens a partir de quatorze anos, a de Rishi Valley, na Índia, que recebe crianças a partir de sete anos, e a de Oak Grove, nos EUA, com alunos a partir de três anos e meio de idade.

Ensinamentos


A essência do ensino de Krishnamurt. está contida na declaração feita por ele em 1929, quando disse:
- "A Verdade é uma terra sem caminho". O homem não chegará a ela através de organização alguma, de qualquer crença, de nenhum dogma, de nenhum sacerdote ou mesmo um ritual, e nem através do conhecimento filosófico ou da técnica psicológica. Ele tem que descobri-la através do espelho das relações, por meio de compreensão do conteúdo da sua própria mente, mediante a observação, e não pela análise ou dissecação introspectiva. O homem tem construído imagens em si próprio, como muros de segurança - imagens religiosas, políticas, pessoais. Estas se manifestam como símbolos, idéias, crenças. O peso dessas imagens domina o pensamento do homem, as suas relações e a sua vida diária. Tais imagens são as causas de nossos problemas, pois elas dividem os homens. A sua percepção da vida é formada pelos conceitos já estabelecidos em sua mente. O conteúdo de sua consciência é a sua consciência total. Este conteúdo é comum a toda humanidade. A individualidade é o nome, a forma e a cultura superficial que o homem adquire da tradição e do ambiente. A singularidade do homem não se acha na sua estrutura superficial, porém na completa libertação do conteúdo de sua consciência, comum a toda humanidade. Desse modo ele não é um indivíduo.
A liberdade não é uma reação, nem tampouco uma escolha. É pretensão do homem pensar ser livre porque pode escolher. Liberdade é observação pura, sem direção, sem medo de castigo ou recompensa. A liberdade não tem motivo: ela não se acha no fim da evolução do homem e sim, no primeiro passo de sua existência. Mediante a observação começamos a descobrir a falta de liberdade. A liberdade reside na percepção, sem escolha, de nossa existência, da nossa atividade cotidiana.
O pensamento é tempo. Ele nasce da experiência e do conhecimento, coisas inseparáveis do tempo e do passado. O tempo é o inimigo psicológico do homem. Nossa ação baseia-se no conhecimento, portanto, no tempo, e desse modo, o homem é um eterno escravo do passado. O pensamento é sempre limitado e, por conseguinte, vivemos em constantes conflito e numa luta sem fim. Não existe evolução psicológica.
Quando o homem se tornar consciente dos movimentos dos seus próprios pensamentos ele verá a divisão entre o pensador e o pensamento, entre o observador e a coisa observada, entre aquele que experimenta e a coisa experimentada. Ele descobrirá que esta divisão é uma ilusão. Só então haverá observação pura, significando isso percepção sem qualquer sombra do passado ou do tempo. Este vislumbre atemporal produz uma profunda e radical mutação em nossa mente.
A negação total é a essência do positivo. Quando há negação de todas aquelas coisas que o pensamento produz psicologicamente, só então existe o amor, que é compaixão e inteligência.

- Original escrito por Krishnamurti,
em 21 de outubro de 1980, e publicado no livro
"Krishnamurti: Os Anos de Realização", de Mary Lutyens.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

NATHALIE DE SALZMANN DE ETIEVAN

Nathalie De Salzmann de Etievan

Nascida na Geórgia, educada na Suíça e na França, Nathalie De Salzmann de Etievan viveu na cidade do Rio de Janeiro e radicou-se na Venezuela desde 1950. Jornalista, tradutora, piloto, pintora de mérito reconhecido em várias exposições, ela foi, sobretudo uma educadora. A partir do inicio da década de 50 do seculo passado foi a criadora dos Grupos Gurdjieff na Venezuela, Brasil e em outros países da América Latina. 
De caráter vigoroso e afirmativo, possuidora de uma rara capacidade para compreender e comunicar-se com as pessoas, ela dificilmente passava despercebida. Sua presença, suas palavras, até hoje se mantêm viva pela transferência de conhecimentos que sem duvida foram transmitidos a poucos por George Ivanovitch Gurdjieff e establecidos em si definitivamente por sua mãe Nathalie De Salzmann.
Levou-me, assim como a outros companheiros, no inicio da década de 70 até o final dos anos 80 do século passado, a manifestar e experimentar momentos de intenso clímax de observação, consciência, limites e possibilidade de mim mesmo. Em uma ocasião de atmosfera criada pela sua sabedoria e firme direção responsável e que não poderia ter acontecido sem sua indução a um estado que me senti não mais um simples e indeciso aprendiz e sim a partir desse momento um iniciado e aluno plenamente aceito para um ensinamento ainda maior. Momentos depois de passado esse estado de conciencia objetiva, disse: - “Esse momento você jamais esquecerá”.
Sim ainda está viva a semente que plantou, e continua crescendo, frutificando.
Estava aí o poder estimulante, a profundidade, o caráter eminentemente prático de seus trabalhos para todo aquele que realmente desejavam cumprir com responsabilidade o seu papel na sociedade e no meu caso como pai de um núcleo familiar que naquela época estava só iniciado.
Nos colégios fundados e dirigidos por ela na Venezuela, na Colômbia, no Peru e no Chile, grupos de pais e professores se esforçam para tornar realidade esse modelo educacional o primeiro surgido de uma experiência latino-americana em que encontram, para eles e para seus filhos, "uma direção e uma esperança". "Ela não nos deu receitas. Propôs-nos orientações claras e despertou em nós o entusiasmo para tentar uma e mil vezes por nós mesmos, e assim aprender por meio de nossa própria experiência. Ela nos mostrou, por exemplo, que a educação do sentimento, tão descuidada hoje em dia, é fundamental; que não é um pai, mãe ou um professor aquele que já sabe que nos ensinará, mas sim todo aquele que procura estar completamente atento e aberto ao aprendizado... não podemos pedir nada a nossos filhos ou a nossos alunos, se antes não o tivermos exigido, com honestidade, de nós mesmos".
A proposição provocadora, o aparente paradoxo, a que nos induzia era surpreendente e, sobretudo compartilhada pela busca atenta, ativa, entusiasta, sempre compartilhada pelos seus alunos. Nem uma elucubração teórica, nem um receituário de soluções, suas práticas baseavam-se numa coerente concepção do ser humano e em sua possibilidade de desenvolvimento harmonioso, ao mesmo tempo em que se nutria com sua vasta experiência e uma observação atenta do processo educacional por parte dessa mulher literalmente excepcional. Desenvolver a atenção, a autoconfiança, o senso de responsabilidade, a educação da vontade, a educação do sentimento, a educação sexual. As qualidades de um educador - como estar aberto frente das crianças? - o castigo, o respeito. Problemas da vida moderna: a televisão, as drogas, a violência. Como lidar com os caprichos, a vaidade, a inveja, a mentira, a destrutividade, o roubo, as crianças-problema, etc. Estes e outros temas foram abordados sempre de forma inovadora, resgatando, ao mesmo tempo, uma visão tradicional da reeducação do adulto e a educação da criança como seres humanos com direito a viver mais completamente e saber amar e ser amado.
Ao final de cada período mais intenso de exercício sob seu comando sabia que tinha chegado e reconhecido o sabor de que me amava assim como ao próximo igualmente, nada de negativo interno ou externo poderia interferir na paz de um silêncio interior que ressoava e ecoava lá para o Alto. A religação experimentada nesses momentos me impulsiona até hoje a lhe ter uma eterna gratidão por me ter induzido a realizar essa percepção eterna e imutável. Atravessei uma ponte que apontou e disse para cruzar sem receio sobre um abismo colossal que desabou assim que cheguei ao lado oposto. Não havia mais como voltar. Ela continuou na outra margem cuidando para que fosse reconstruída e atravessada por muitos outros companheiros daquela época.
Nathalie De Salzmann de Etievan faleceu em julho de 2007.

Nathalie De Salzmann de Etievan

Sua presença está também contida em seu livro “Não Saber é formidável” que trata da vivencia de suas experiências de trabalho que teve ao largo de seus muitos anos com crianças, jovens e adultos.
Foi a criadora do modelo Etievan de educação. Suas idéias experiências e forma de trabalhar a educação são os fundamentos do Colégio Leonardo Da Vinci em Lima, Perú, do Colégio Hipocampitos na Venezuela, do Colégio Encuentros em Cali, Colombia e do Colégio Etievan no Chile.
O seu outro livro “Cada um se Deita na Cama que Faz... A relação do Casal". Este livro trata de maneira prática a relação do casal. Dá o poder estimulante, a profundidade, o caráter e eminentemente prático para todos aqueles que desejam trabalhar a própria relação e restabelecer uma comunicação com o seu par. A autora reconheceu logo a relação direta entre as dificuldades das crianças e dos jovens com os problemas que os pais encontram e especialmente aqueles que surgem na relação do casal.
Nathalie De Salzmann de Etievan orientou a continuação do seu trabalho dando proceguimento ao Instituto Para o Desenvolvimento Harmonioso do Homem através da instituição da Fundação Gurdjieff de hoje tem sedes nas cidades do Río de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Brasilia, Vitoria, Curitiba, Florianopolis, João Pessoa, São Carlos e Barra do Pirai.

domingo, 19 de setembro de 2010

A HISTÓRIA DE KRISHNA




NASCIMENTO E INFÂNCIA
 
Este resumo se baseia no Mahabharata, o Harivamsa, o Bhagavata Purana e o Vishnu Purana. Os fatos narrados ocorreram no norte da Índia, na maior parte nos estados atuais de Uttar Pradesh, Bihar, Haryana, Deli e Gujarat.
Krishna era da família real de Mathura - capital de um conjunto de três clãs: Vrishni, Andhaka e Bhoja - e o oitavo filho da princesa Devaki e do seu marido Vasudeva, um nobre da corte. No dia do casamento, como é de costume na tradição védica, o primo mais velho, Kamsa, ficou encarregado de conduzir Devaki e o esposo até a nova casa do jovem casal.
O rei Kamsa subiu ao trono após mandar prender o próprio pai, Ugrasena, rei da dinastia Bhoja. Kamsa é tido como um grande demônio, que pertencia à classe dos Kshatriyas, guerreiros, mas que, de algum modo, havia se desviado do Dharma Universal.
No caminho que conduzia os noivos até a nova casa, Kamsa escutou uma voz que dizia que o oitavo filho de Devaki iria levá-lo à morte. Imediatamente fez menção de matar Devaki, mas Vasudeva implorou pela vida da esposa, prometendo que cada filho que nascesse, seria levado à presença de Kamsa.
Receoso, mandou prender Vasudeva e a esposa no porão do castelo, sendo vigiados dia e noite por guardas. Cada filho do casal que nascia era morto por Kamsa, que mesmo sabendo que a profecia se cumpriria apenas no oitavo filho, não tinha piedade de nenhum e matava a todos.
Kamsa havia sido alertado por Narada Muni que em breve Vishnu nasceria na família de Vasudeva. Soube também, através deste sábio, que em uma encarnação anterior, Kamsa havia sido um demônio chamado Kalanemi que tinha sido morto por Vishnu.
Conta a tradição védica que Kamsa, temendo que Vishnu nascesse em qualquer uma das famílias do reino, mandou matar todos os meninos com até dois anos de idade, a fim de evitar o cumprimento da profecia.
E foi então que o oitavo filho de Devaki nasceu - Bhagavan Sri Krishna. O local do nascimento é conhecido atualmente como Krishnajanmabhoomi, onde um templo foi erguido em honra. Como a vida corria risco na prisão, foi tirado da prisão e entregue aos pais adotivos Yashoda e Nanda em Gokula.

JUVENTUDE

Nanda, pai adotivo de Krishna, era o líder de uma comunidade de pastores de gado. As histórias da infância e juventude contam a vida e relação com as pessoas da região. Uma dessas histórias conta que Kamsa, descobrindo que ele havia sido libertado da prisão, enviou vários demônios para impedir que isso acontecesse. Todos falharam. São muitas as façanhas de Krishna e as aventuras com as Gopis da vila, incluindo Radha, que se tornou mais tarde conhecida como o Rasa Lila.

KRISHNA, O PRÍNCIPE

Krishna, então um jovem homem, retorna para Mathura, acaba com o governo de Kamsa, e institui o pai, Vasudeva, que havia sido aprisionado por Kamsa, como rei de Yadavas. Em seguida declarou a si mesmo príncipe da corte. Neste período iniciou a amizade com Arjuna e outros príncipes de Pandava do reino de Kuru. Casou-se com Rukmini, filha do rei Bishmaka de Vidarbha. Ele também teve outras sete esposas, incluindo Satyabhama e Jambavati.

A GUERRA DE KURUKSHETRA

Krishna possuía primos em ambos os lados na guerra entre os Pandavas e os Kauravas, porém ele tomou o lado dos Pandavas e concordou em ser o cocheiro da carruagem de Arjuna - o primo e grande amigo - na batalha decisiva. O Bhagavad Gita consiste nos conselhos dados por Krishna a Arjuna, antes do início do combate.

ÚLTIMOS DIAS

Krishna havia se retirado para a floresta e estava em meditação embaixo de uma árvore, quando um caçador, na penumbra da floresta, o confunde com um antílope e o fere na planta do pé. Mesmo ferido de morte, aceita-a com grande serenidade.
No Bhagavad Gita ele diz: - Inevitável é a morte para os que nascem; todo o morrer é um nascer – pelo que, não deves entristecer-te por causa do inevitável.
Krishna é certas vezes apresentado como a Suprema Personalidade de Deus e certas vezes o mencionam como encarnação de Vishnu, outros acreditam que ele tenha sido uma das encarnações de Jesus Cristo, visto que seus ensinamentos no livro sagrado hindu - Bhagavad Gita - são muito semelhantes aos de Jesus nascido séculos e séculos depois. Esse é um dos motivos de alguns historiadores crerem na possibilidade de Jesus ter conhecido os ensinamentos hindus durante a sua juventude, já que ela não é citada na bíblia e tornou-se uma icógnita. No Srimad-Bhagavatam de Srila Prabhupada, Prabhupada explica que Krishna fora de Vrindavana é Vishnu expandido, e Krishna residindo em Vrindavana seria a personalidade de Deus em pessoa, uma vez que a Vrindavana terrestre seria, em certo aspecto, especial e uma expansão direta da Vrindavana original - Goloka Vrindavana -.
Embora haja discordância neste tópico entre os diversos Sampradayas - Escolas Filosóficas -, esta é a explicação de Prabhupada. Krishna é um avatar,que significa ava=antiga e tora=lei, então seria um representante da antiga lei, a lei divina, sendo Vishnu um aspecto da Divindade, como o Filho do Homem na tradição cristã, Krishna é um Avatar da Lei, a divindade encarnada na face da terra, um estado de ser vibrando em alta consciência no aspecto Divino, segundo a tradição hindu, como Brahma – Pai -, Vishnu – Filho - e Shiva - Espírito Santo.

DEVOÇÃO A KRISHNA NA ATUALIDADE

O crescimento de Bhakti, principalmente no final do governo inglês na Índia, foi fonte de inspiração para a independência definitiva daquele país, ocorrida em 1947. Mahatma Gandhi utilizou-se das instruções do Bhagavad-Gita como instrumento legítimo de fé e contou com forte apoio popular. Sua visão e prática da "resistência pacífica" e a não-violência, trouxe ao povo indiano não somente a liberdade de expressão da sua fé e religião, como também a liberdade da opressão inglesa no seu território. As instruções de Sri Krishna para Arjuna, no campo de batalhas de Kuruksetra, dizendo, por exemplo: "levanta-te e luta!", foram fortes estímulos ao povo oprimido. Seguindo o clima de liberdade política, bem como religiosa da Índia, aproveitando-se do clima de democracia instalado no país, A. C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada vem ao Ocidente, aos Estados Unidos, em 1966, e funda uma Sociedade Internacional da Consciência de Krishna.
De acordo com a tradição Hindu, Krishna é o oitavo avatar de Vishnu e é citado no Mahabharata, mais exatamente no Bhagavad-Gita, e é considerado, segundo o Movimento Hare Krishna - ISKCON, a Suprema Personalidade de Deus, sendo assim, a origem de todas as encarnações seguintes.
Krishna e as histórias aparecem nas diversas tradições filosóficas e teológicas hindu. Embora, algumas vezes diferentes nos detalhes, ou até mesmo contradizendo as características de uma tradição particular, alguns aspectos básicos são compartilhados por todas elas. Estes incluem uma encarnação divina, uma infância e uma juventude pastoral e a vida como um guerreiro e professor. A imensa popularidade de Krishna fez com que várias religiões não-hindus que se originaram na Índia tivessem as próprias versões dele.
O Mahabharata, Udyogaparva 71.4, analisa a palavra 'Krishna' da seguinte maneira: - A palavra 'krish' é a característica atrativa da existência divina, e 'na' significa 'prazer espiritual.' Quando o verbo 'krish' é adicionado ao 'na', ele se torna 'krishna', que significa Verdade Absoluta.
De acordo com a maioria dos dicionários, a palavra Krishna significa 'negro' ou 'escuro' em sânscrito. Relaciona-se com palavras parecidas em outros idiomas indo-europeus. Às vezes se traduz como 'O Senhor Escuro' ou 'o de Pele Escura'. Pode significar também 'Todo Atrativo'.
Ele é conhecido por vários outros nomes e títulos e a tradição Gaudiya tem uma lista com 108 nomes. Os mais usados incluem: Adidev: O Senhor dos senhores; Balgopal: O Todo Atrativo; o menino Krishna; Chaturbhuj: O Senhor dos Quatro Braços; Dayalu: Depósito de Toda a Compaixão; Govinda: Aquele que Agrada as Vacas, a Terra e a Natureza Inteira; Gyaneshwar: Senhor do Conhecimento; Hari: O Senhor da Natureza; Jagadishare: O Protetor de Todos; Kamalnayan: O Senhor que Tem os Olhos como o Lótus; Manohar: Senhor da Beleza; Murali: Senhor de Toda a Doçura; Senhor da Flauta; Narayana: O refúgio de Todos; Prabrahmana: A Suprema e Absoluta Verdade; Ravilochana: Aquele Cujos Olhos são o Sol; Trivikrama: Vencedor de Todos os Três Mundos; Upendra: Irmão de Indra; Vishwatma: Alma do Universo; Yogi: O Mestre Supremo; Keshava: Controlador dos Sentidos, etc.

A. C. BHAKTIVEDANTA SWAMI SRILA PRABHUPADA


A. C. Bhaktivedanta Swami Srila Prabhupada (1 de setembro de 1896 a 14 de novembro de 1977) é o fundador Acharya da Sociedade Internacional da Consciência de Krishna - ISKCON. O título de fundador Acharya refere-se a alguém que fundou uma nova ramificação de uma linha devocional, no caso, a Gaudiya Vaisnava Sampradaya de Sri Chaitanya Mahaprabhu. Srila Prabhupada vivificou novamente a mensagem de Sri Chaitanya, quando esta quase se perdeu pela influência do Kali-Yuga, e a trouxe para o ocidente.
A. C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada, filho de Gour Mohan e Rajani De. Seus pais eram devotos e lhe deram o nome de Abhay Charan "destemido por ter se abrigado no Senhor". Seu pai, Gour Mohan, o educou à risca nas etiquetas devocionais vaishnavas e lhe deu todos os ensinamentos básicos do Bhagavad Gita, lhe ensinou a cozinhar e a tocar bridanga. Gour Mohan sempre quis que seu filho se tornasse um devoto de Sri Radha e Krishna.
Srila Prabhupada concluiu em 1920 seus estudos em sânscrito, filosofia, inglês e economia no Scottisch Churches College. Por circunstâncias auspiciosas ele encontrou em 1922 seu mestre espiritual Bhaktisiddhanta Sarasvati Maharaja, em Calcutá. Em 1932 ele recebeu a primeira e segunda iniciação por Bhaktisiddhanta Sarasvati Maharaja, que lhe deu o nome de Abhay Caranaravinda. Naquela época, Srila Prabhupada ainda estava enredado na vida familiar e nos negócios. Quando pensava em abandonar seus afazeres materiais para fazer sua residência no templo, Bhaktisiddhanta Maharaja o desencorajava. Alguns dos devotos queriam que Srila Prabhupada assumisse a direção de um dos maiores templos da Gaudiya-Matha de Srila Bhaktisiddhanta, mas o prórpio Bhaktisiddhanta tinha outros planos. Ele não queria que Srila Prabhupada se envolvesse diretamente com a Gaudiya-Matha.
Em 1944 ele publicou o primeiro número do periódico Back to Godhead, distribuindo as revistas nas ruas de Nova Delhi. Em seguida, começou a tradução do Bhagavad Gita e do Sri Ishopanishad. Embora Srila Prabhupada sempre tentasse de organizar a pregação, não sabia como transformá-la em realidade. Sua idéia era de inspirar devotos na Índia e ir com eles para os Estados Unidos. Ele fundou a League of Devotees, Sociedade dos Devotos, por intermédio da qual conseguiu alguns colaboradores.
- "Pelo reconhecimento da erudição filosófica e devoção, a Sociedade Vaishnava Gaudiya honrou, em 1947, Srila Prabhupada com o título de 'Bhaktivedanta'." Em 1954, com 58 anos, Srila Prabhupada retirou-se da vida familiar e tomou Vanaprastha, ordem de vida retirada, para poder dedicar-se mais tempo aos estudos e às atividades literárias. Srila Prabhupada dirigiu-se para a cidade de Vrindavan, o famoso lugar sagrado onde Krishna tinha aparecido cinco mil anos atrás. Ele achou abrigo no templo medieval de Radha-Damodara, onde vivia em condições humildes, dedicando-se profundamente aos estudos por muitos anos.
Em 1959 entrou na ordem de vida renunciada, Sannyasa. No templo de Radha-Damodara Srila Prabhupada iniciou a obra da sua vida - a tradução dos muitos volumes do Srimad-Bhagavatam com comentários dos 18.000 versos! Ali escreveu também o livro Easy Journey to Other Planets, Fácil Viagem a outros Planetas.
Sendo um Sannyasi sem recursos materiais, Srila Prabhupada teve dificuldade em arranjar os meios necessários para suas publicações. Apesar disso conseguiu publicar até 1965, graças a donativos, o Primeiro Canto do Srimad-Bhagavatam em 3 volumes. Além disso Srila Prabhupada esforçava-se para conseguir uma viagem gratis para os Estados Unidos, que por fim lhe foi concedida pro Sumati Morarji, proprietária da Scindia Steamship Company. E assim Srila Prabhupada viajou, sozinho, para os Estados Unidos no outono de 1965 a bordo do cargueiro Jaladuta, para cumprir a missão do seu mestre espiritual. Quando Srila Prabhupada chegou com o navio no porto de Nova Iorque, ele praticamnte estava sem recursos financeiros. Após um ano cheio de dificuldades Srila Prabhupada fundou em julho de 1966 a Sociedade Internacional da Consciência de Krishna, ISKCON, que sob sua direção pessoal se desenvolveu numa década num movimento mundial com mais de 100 Ashramas, escolas, templos e comunidades rurais. Em 1968 Srila Prabhupada fundou nas colinas do Oeste da Virginia a primeira comunidade rural da Consciência de Krishna, que serviu de exemplo para projetos idênticos em todos os continentes. Em 1972, com a fundação da escola Gurukula em Dallas, Texas, Srila Prabhupada introduziu o sistema védico de ensino elementar e secundário no Ocidente.
Com o constante aumento do número de alunos formaram-se 10 outras escolas até 1978. A mais importante das suas escolas está sediada em Vrindavan, Índia. Também na Índia Srila Prabhupada criou muitos projetos, como por exemplo o impressionante templo de Krishna-Balarama em Vrindavana, o Centro de Congresso e Cultural junto com o templo e casa internacional de hóspedes em Bombay e o Centro Mundial da ISKCON em Sridhama Mayapur, Bengala, onde se projeta erguer uma cidade em moldes védicos.
Além destas muitas atividades Srila Prabhupada sempre via na publicação de livros sua tarefa principal, e assim em 1972 ele fundou a Bhaktivedanta Book Trust, BBT, hoje a maior editora na Índia de literatura religiosa e filosófica. Até seu desaparecimento em 14 de novembro de 1977 em Vrindavana, Srila Prabhupada, apesar da sua idade avançada, viajou 14 vezes em viagens de pregação ao redor da Terra. Não obstante desta apertada agenda, publicou contínuamente novos livros - num total de mais de 80 volumes - que hoje em dia estão traduzidos em todas as línguas do mundo.
Nestes onze anos, de 1966 até 1977, Srila Prabhupada iniciou milhares de discípulos e escreveu, além dos seus livros, cinco mil cartas que hoje estão disponíveis em forma de livros, para seus seguidores.
Srila Prabhupada faleceu em Vrindavan, Índia, no ano de 1977. Seus discípulos continuam levando adiante o movimento que ele iniciou e a mesnagem que ele trouxe da Índia para o Ocidente.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

GEORGE IVANOVITCH GURDJIEFF AINDA NO SÉCULO 21

George Ivanovitch Gurdjieff

Passados mais de quarenta anos após a morte de Gurdjieff, o que restou do seu trabalho e das suas idéias?
Atualmente as suas idéias, conceitos e métodos agora podem ser reanalizados pelos modernos conceitos da psicologia, da medicina e principalmente, dentro do campo da neuropsicológica?
George Ivanovitch Gurdjieff foi um grande Mestre Espiritual e procurar destacar o seu aspecto "moderno" e, inovador é inseri-lo no século XXI: "Um homem do século 21". Pelo contato que tive com relatos e praticas aplicada por alguns dos seus discípulos acredito que não gostaria de ser apenas apelidado de "Um santo do século 21...".
Podemos atualmente dispor de uma ampla bibliografia sobre o conjunto das idéias e práticas de Gurdjieff que, aliada à realização de pelo menos um filme baseado no seu livro, "Encontros Com Homens Notáveis", pelo cineasta inglês Peter Brooks, permite com que tenhamos um vislumbre das concepções básicas do seu "Trabalho" e o que nos delegou como exemplo.
O que afinal das contas, nos deixou Gurdjieff? Podemos iniciar essa tentativa de simplificação a partir da sua idéia de que o homem, tal como existe na atualidade, se observarmos os seus comportamentos e reações, não pode ser encarado como um ser plenamente consciente, no domínio pleno das suas potencialidades mentais, emocionais e mesmo, dos seus movimentos físicos. O Ser Humano "normal" não pode ser considerado “desperto". Segundo Gurdjieff está “dormindo” de olhos abertos.
Como Gurdjieff pretendeu comprovar mostrava que além de estar "dormindo ", o Ser Humano apresenta, no decorrer da sua vida cotidiana, um conjunto de comportamentos e reações que só podem ser considerava como automáticas ou "condicionadas". Deixa-se deliberadamente ser provocado e controlado pelo meio ambiente externo.
Esse condicionamento estaria não só presentes na esfera das suas atividades físicas, mas e principalmente também no nível da sua emotividade e nos seu pensamento simplesmente associativos, pouco restando de possibilidades para uma real expressão criativa espontânea e original.
Essa idéia não choca, esses conceitos do "Ser Humano adormecido" não representa uma idéia gurdjeffiana original, já que podemos identificar conceitos semelhantes dentro do Budismo e nos Filósofos Pré-Socráticos assim como na Tradição Cristã. No episódio do Monte das Oliveiras, onde Cristo sofre a agonia da antecipação do seu sacrifício, enquanto que os seus discípulos dormiam.
Da mesma maneira podemos identificar o mesmo tema dentro da Tradição Sufí ou expressas em frases e comentários feitos pelo Profeta Maomé.
A proposta de trabalho de Gurdjieff para tentar agir sobre esta situação parte do pressuposto que todas as vezes que o ser humano perde o contato com a sua própria identidade, ou seja, a sua "sensação de ser", ocorre uma espécie de "transferência" quase que automática e instantânea da qualidade de atenção centrada nessa sensação interna de "Ser", para algum estímulo exterior que venha a lhe "despertar a atenção" naquele momento. Assim, com a sua atenção sistematicamente e automaticamente é só voltada para reagir aos estímulos exteriores, o Ser Humano passa a se esquecer de “Si Próprio" e "dorme” ausente interiormente em conseqüência.
A chave para o "despertar", portanto, estaria inicialmente no "Lembrar-se de Si Mesmo” pelo menos toda a vez que conseguisse produzir energias para realizar isso. Depois de um treinamento adequado ter deslumbre mais permanente de “Consciência de Si”. Perceber que a dimensão individual não viesse a se perder naquilo que Gurdjieff chamou de "Identificação Externa". A definição do termo "externa" não implica nos eventos externos ao corpo/organismo do Ser Humano, mas sim, de quaisquer elementos de suas atividades rotineiras do dia a dia ou interior; associações de pensamentos e imagens, preocupações, ansiedades e principalmente, a fabulosa quantidade de fantasias que produz o que faz com que uma sensação de "Ser" esteja deslocada do seu verdadeiro lugar.
A solução Gurdjeffiana para esta diminuição da qualidade e intensidade da consciência está no treinamento da função psicológica da atenção nas suas diversas tonalidades. Este treinamento visa uma sensibilização e reforço da capacidade da concentração e manutenção do seu foco em objetos definidos, no caso, na própria sensação de "Ser" de maneira contínua. Isto se assemelha às técnicas clássicas preconizadas por alguns Mestres de Ioga, Zen-Budismo e outros métodos e “meditações” menos conhecidas e praticadas ainda atualmente.
Nessa sua incapacidade de manter um nível mais profundo e focado de atenção, dizia Gurdjieff, organismos especiais internos após algum tempo não são mais capazes de reconhecer a sua própria identidade e passam a ficar "fascinado" com o desenrolar dos acontecimentos externos de si mesmo, entrando numa espécie de "transe" onde a característica principal é a perda do sentido de "Eu". A esse "transe" Gurdjieff denominava de "vida cotidiana". Gurdjieff associava esse processo a uma diminuição da consciência humana, um processo que ele considerava universal e inevitável para a grande maioria da humanidade com exceção de alguns poucos capazes de realizarem os intensos esforços necessários para virem a se libertar do "horror da atual situação humana".
Em seus treinamentos Gurdjieff realizava "exercícios" para o desenvolvimento e elevação de níveis desejáveis da atenção. Estes exercícios exigem esforços consideráveis para serem realizados. Os seus exercícios físicos eram realizados com diferentes e complexos tipos de movimentos e posturas. Danças complexas e dessincrônicas, que foram planejadas no sentido de exigir o máximo possível da atenção, onde o componente emocional é desnudado e desafiado a mudar as suas reações habituais. Também ativavam funções intelectuais, como por exemplo, ser capaz de realizar exercícios de contagens e operações matemáticas mentais; ser capaz de trabalhar rapidamente com jogos de palavras e imagens visuais, etc. Ser capaz de colocar a atenção em diferentes tarefas intelectuais ao mesmo tempo com a finalidade de desenvolver rapidez e destreza de raciocínio, ser capaz de encontrar diferentes perspectivas e respostas para o mesmo tipo de problema ou situação proposta, etc.
Estas são apenas algumas técnicas que fazem parte de um conjunto maior do legado de Gurdjieff, que representa um currículo de atividades propostas de forma individualizada de acordo com as necessidades, qualidades e defeitos de personalidade que o indivíduo participante pudesse apresentar com maior evidência.
A partir desses treinamentos da atenção, pode-se chegar à "Auto-Observação" ou, seja, uma forma especial da atenção voltada temporariamente, podendo ser prolongada, à observação dos comportamentos, reações, processos psicológicos individuais que, quando realizada durante um determinado período de tempo, permite a identificação de conjuntos correlatos de comportamentos e reações que definem a atuação de "Eus particulares" que surgem em determinados contextos, como por exemplo, um "Eu Profissional" em contraposição a outro “Eu eventual qualquer”.
O objetivo da técnica é a produção de um "Eu Observador" capaz de observar com absoluta imparcialidade os fenômenos de expressão e reações da personalidade que agora passa a ser percebida como extremamente mutável inconstante e sensível a estímulos externos. A partir deste "Eu" é possível chegar a uma estrutura de personalidade mais estável, capaz de modificar e corrigir de maneiras eficientes determinados padrões de comportamento considerados inaceitáveis em Si mesmo.
O objetivo de todo esse processo seria tentar construir uma “Consciência Objetiva” com "características individuais”, ou seja, o padrão mais freqüente de expressão da personalidade do indivíduo que, por ser muito ativo, costuma ser desconsiderado na maioria das vezes simplesmente por ser extremamente óbvio. Gurdjieff costumava expor tais "características principais" ao atribuir aos seus discípulos, apelidos freqüentemente constrangedores, diretamente vinculados às suas características principais de tal maneira que o uso repetido do apelido sempre funcionava como uma espécie de "Recordação de Si Próprio".
Para finalizar esta apresentação extremamente superficial e limitada das idéias e conceitos gurdjeffianos, torna-se necessário localizar o "Trabalho" de Gurdjieff após a sua morte. No momento atual, o "Trabalho" está sofrendo um processo de maior divulgação e análises amplas, sendo que como indicou em alguns de seus relatos escritos a fonte original de alguns de seus conhecimentos está ainda vivo em algumas organizações, ora espalhadas por todo o Mundo e dirigidas por Mestres autorizados a ter discípulos e a ministrar esses ensinamentos atualizados para a compreensão dos Seres Humanos atuais. Até uma das suas sedes podem estar bem perto de nossas moradias e o Mestre principal cruzar comumente por nós cotidianamente e não ser identificado.

- Com os textos de George Ivanovitch Gurdjieff; P. D. Ouspensky;
Murice Nicoll; K. R Speeth; Collin Wilson; H. Shushud; J. G.
Bennett; Idries Shah; R. Lefort; J. Webb; Boris Mouravieff;
Charles Tart, entre outros escritos.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

OPUS DEI - O EXÉRCITO DO PAPA

Imagine sua mente sendo monitoradas 24 horas por dia. Você está num lugar onde não é permitido ver televisão ou ir ao cinema. Até o jornal chega editado às suas mãos. Ninguém pode ter amigos do lado de fora e o contato com a família é restrito. Pelo menos duas horas por dia, você tem de amarrar um cilício na coxa – espécie de instrumento de tortura com pontas metálicas que machucam a pele. Quanto maior for o seu desconforto, melhor: se doer demais você poderá trocar de coxa. Tem de machucar, deixar marcas. Caso contrário, não “faz efeito”.
Uma vez por semana, você terá também de golpear suas nádegas ou suas costas com um chicote. E ainda passará pelo que é chamado de “sinceridade selvagem”: contar aos seus superiores cada pensamento que passa pela sua cabeça, principalmente aqueles segredos mais íntimos, sobre os quais não se comenta nem no banheiro e de luz apagada. Se você não revelar tudo mesmo estará mantendo um “segredo com Satanás”.

Cilício metálico de coxa e o chicote de cordas

As situações descritas acima não ocorrem nos porões de uma ditadura ou no ritual de alguma seita satânica. Elas são rotina nas residências do Opus Dei, onde vivem os chamados numerários que fazem voto de castidade e estão ali por opção, para “santificar” o mundo. A maioria tem profissão e trabalha normalmente, como outra pessoa qualquer. Mas seus salários vão integralmente para o Opus Dei e foram recrutados ainda bem jovens.
- “O aliciamento acontece na infância ou na juventude, pois é mais fácil doutrinar uma personalidade ainda em formação. Eles começam levando crianças para brincar numa espécie de clube e vão seduzindo aos poucos.”, diz um ex-numerário, que só aceitou falar mediante o compromisso de não ser identificado.
- “Eu mesmo convidava colegas de escola para fazer parte do clube. Obedecia ao que o diretor mandava: ‘Não conte que é do Opus Dei. Leve primeiro para conhecer o centro, faça com que a pessoa se envolva’.”.
O Opus Dei não é feito só de numerários: há também os supernumerários. Esses podem se casar, ter filhos e viver em suas próprias casas, embora também recorram à penitência física como uma forma de controlar instintos pecadores. Uma das funções secretas desses membros, de acordo com os críticos da organização, seria ocupar posições de liderança na sociedade – seja num cargo político, na direção de uma grande empresa, na presidência de um banco, na reitoria de uma universidade ou na chefia de um veículo de comunicação. Do alto desses postos de comando, a capacidade de expansão e o poder de influência do Opus Dei estariam assegurados.

O TRABALHO

Os numerários e supernumerários estão por toda parte. Afinal, é justamente essa a proposta do Opus – ser uma legião de homens e mulheres comuns, que se misturam ao mundo real para transformá-lo de dentro para fora. Do motorista de táxi ao ministro de Estado, da dona-de-casa à diretora de uma multinacional, todos devem ser engrenagens e trabalhar silenciosamente pelos objetivos da organização. Como dizia Josemaría Escrivá, fundador do grupo:
- “Seja santo. Santifique-se em seu trabalho. E santifique os outros com seu exemplo.”.
Quem defende essa instituição religiosa das acusações de ultraconservadora, totalitária e conspiradora garante que não há nada de errado com suas tradições, muito menos de secreto ou misterioso nas ações de seus integrantes.
- “Para quem conhece e vivencia o Opus Dei, acima da pirotecnia fica a verdade: ele é uma entidade da Igreja Católica Apostólica Romana cuja única finalidade é procurar o ideal da vida e de serviço cristão no meio do mundo, mediante a santificação do trabalho profissional, da família e dos deveres cotidianos. O Opus Dei tem como membros e trabalha com pessoas de todas as classes sociais. Ama e defende a liberdade de seus fiéis em todas as questões que a Igreja Católica Apostólica Romana deixa à livre à discussão dos católicos.”, afirma o jurista Ives Gandra Martins, num artigo publicado pelo jornal Folha de São Paulo em 2005.
A AUTONOMIA

O OPUS DEI – Obra de Deus – foi fundado pelo sacerdote espanhol Josemaría Escrivá em 1928. Trata-se de uma prelazia pessoal, figura jurídica da Igreja Católica Apostólica Romana que está prevista no Código de Direito Canônico - a sua constituição. Ela dá aos seus membros o direito de seguir ordens do prelado - o líder máximo do Opus Dei, que fica em Roma, em vez de obedecer à autoridade católica regional. Como se o grupo fosse um braço independente da Igreja Católica Apostólica Romana, que não deve explicações a mais ninguém além do Papa.
- “A ascensão do Opus Dei à categoria de prelazia pessoal era o grande sonho de seu fundador.”, escreve o jornalista espanhol Juan Bedoya em artigo recente no jornal El País.
- “Homem de grandes ambições, Escrivá queria livrar-se das dependências em relação aos bispos porque sua fundação, então com 70 mil integrantes – a imensa maioria leigos, homens e mulheres, celibatários ou casados –, tinha pouco a ver com os institutos e as congregações tradicionais.”.
Os 70 mil seguidores de 25 anos atrás hoje são aproximadamente 87 mil. Na avaliação de Bedoya, esses números demonstram com sobras a situação especial desfrutada pelo Opus Dei dentro da sempre rígida Igreja Católica Apostólica Romana.
- “No último meio século, ninguém se destacou tanto quanto a Obra de Escrivá. Não se pode dizer a mesma coisa de outras congregações clássicas, como os jesuítas, que hoje são apenas 19 mil no mundo todo. Ainda assim, e apesar de estar presente em 64 países, o Opus Dei continua sendo fundamentalmente espanhol. Agora o objetivo é a conquista dos ex-países comunistas do Leste Europeu.”, disse o jornalista.
Na Espanha estão concentrados mais de 40% de seus membros. Outros 35% estão na América Latina. A organização também tem seus pés muito bem fincados na África e na Ásia.
Nesses 25 anos de história, o Opus Dei colecionou críticos. Alguns de seus detratores mais radicais chegam a chamá-lo de “máfia santa”. Outros o acusam de ser “uma Igreja dentro da Igreja”, com poderes excepcionais e muito dinheiro sendo colocado a serviço de um conservadorismo atroz. Em parte, essa fama se deve às estreitas relações que a organização cultivou com o regime fascista do ditador espanhol Francisco Franco, de 1939 a 1975. Josemaría Escrivá, ouvia as confissões do “generalíssimo”, como Franco era conhecido, e muitos integrantes ou colaboradores do Opus Dei foram nomeados ministros de Estado enquanto durou a sua ditadura.
A organização chegou ao Brasil na década de 1950. Instalou-se inicialmente em Marília, no interior de São Paulo, e de lá acabou migrando para a capital, onde hoje mantém centros nos bairros do Pacaembu, Vila Mariana, Pinheiros e Itaim, entre outros. Está presente também nas cidades de Campinas e São José dos Campos, Estado de São Paulo, Rio de Janeiro e Niterói, Estado do Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais, Brasília, Distrito Federal, Curitiba e Londrina, Estado do Pará e Porto Alegre no Estado do Rio Grande do Sul. Entre numerários, supernumerários e sacerdotes, estima-se que o Opus Dei tenha cerca de 1.700 integrantes no Brasil.

PREEMINÊNCIAS

A influência que a “Obra de Deus” exerce sobre o Vaticano pode ser medida pelo processo incrivelmente rápido de canonização de Escrivá – o 2º mais breve na história da Igreja Católica Apostólica Romana, atrás apenas do de madre Teresa de Calcutá. De acordo com Juan Bedoya, o papa João Paulo II chegou ao cargo protegido e impulsionado, sobretudo pelo Opus Dei. E o atual sumo pontífice Bento XVI também tem profunda simpatia pela “Obra”.
- “A organização não gozou de trato especial com os papas Pio XII, João XXIII e Paulo VI, mas foi o movimento predileto do polonês João Paulo II, mais conservador que os anteriores. Com o papa Bento XVI, a organização mantém a preeminência do passado.”, afirma o jornalista espanhol.

“MÃOS À OBRA”

Personalidades importantes estão ligadas ao Opus Dei, como: - Geraldo Alckmin que foi governador do Estado de São Paulo e que nega fazer parte do Opus Dei, mas é tido como o político brasileiro de relações mais estreitas com a organização; Ives Gandra Martins está entre os mais respeitados juristas do Brasil e freqüenta reuniões do Opus Dei desde 1963. Admite conhecer “intimamente” o grupo religioso há décadas; Ruth Kelly, supernumerária, é integrante do Parlamento britânico pelo Partido Trabalhista e que já foi secretária de Educação e de Transportes do Reino Unido; Paola Binetti, médica, professora universitária e senadora italiana. É numerária e no senado, defende posições conservadoras – contra o aborto e o casamento gay; Adolfo Suárez, é supernumerário e foi primeiro-ministro da Espanha de 1976 a 1981, no primeiro regime democrático do país depois da ditadura de Francisco Franco; Jesus Estanislao; foi ministro das Filipinas durante o governo da presidenta Corazón Aquino, de 1989 a 1992, numerário, é um dos responsáveis pela chegada do grupo àquele país; Robert Hanssen, americano e ex-agente do FBI, trabalhou como espião para a URSS por mais de 20 anos, foi supernumerário, mas abandonou o Opus Dei depois de ser preso; Luis Valls, é numerário do Opus e um dos banqueiros mais importantes da Espanha, foi presidente do Banco Popular, o 3º maior do país de 1972 a 2004.

JOSE MARÍA ESCRIVÁ

Fundador do Opus Dei que virou santo era sacerdote espanhol – falecido em 1975. Nascido no ano de 1902, José Maria Escrivá teria resolvido dedicar sua vida ao sacerdócio quando, no rigor do inverno europeu, viu um padre caminhando descalço sobre a neve. Segundo a história oficial, o jovem sentiu-se compelido a seguir o exemplo e também oferecer-se a Deus.
José Maria Escrivá afirmava ter tido uma visão depois de ordenado, aos 26 anos: homens e mulheres realizando a “Obra de Deus” e mudando os rumos da história. Assim ele teria tido a idéia de criar o Opus Dei. Depois de fundar a ordem em Madri, no ano de 1928, saiu arrebanhando seguidores. Mas logo esbarraria na Guerra Civil Espanhola, em 1936. José Maria Escrivá abandonou a cidade e interrompeu a expansão do Opus Dei, retomando-a só em 1939, com o fim da guerra e a manutenção do ditador Francisco Franco no poder.
Chicotadas nas próprias costas é uma das modalidades de autoflagelo à qual os seguidores do Opus Dei recorrem pelo menos uma vez por semana. A pequena corda com nós usada para isso, conhecida como “disciplina”, geralmente não deixa marcas.
O cilício tem pontas de ferro que penetram na carne. Para a maioria dos numerários, esse tipo de penitência física é uma prática corriqueira: eles passam pelo menos duas horas por dia com esse instrumento de tortura amarrado perto da virilha.
No símbolo oficial do Opus Dei, o círculo representa o mundo e a cruz é a marca do cristianismo inserida nele. Trata-se de uma representação do sonho que José Maria Escrivá a “Obra de Deus” alcançando cada canto do planeta, pelas mãos de seus seguidores.
Javier Echevarría é o atual dirigente da Opus Dei. É o prelado do Opus Dei – cargo máximo do grupo, vitalício – e não responde a mais ninguém além do papa. Espanhol, nascido em 1932, formou-se advogado, especializando-se em direito civil e direito canônico. Entrou para a organização em 1948, com apenas 16 anos, mas só foi ordenado sacerdote em 1955. Dom Javier, como é chamado, foi secretário de Josemaría Escrivá durante 22 anos. Ao assumir o comando em 1994, nomeado prelado pelo papa João Paulo II, tornou-se o 3º prelado da ordem desde a sua fundação. Integra a congregação que controla processos de canonização desde 1981, foi chanceler da Universidade de Navarra e de outras instituições de ensino. Ao contrário de Escrivá, prefere manter sua biografia cercada de mistério. Ele substituiu Álvaro del Portillo, sucessor direto de Escrivá e é conhecido por viajar o mundo inteiro para divulgar a “Obra” e abrir portas para o diálogo entre crenças e culturas distintas.
Alguns livros estão proibidos pelo Opus Dei que tenta com que os seus seguidores de não os lerem. A ordem classifica obras literárias numa escala que vai de 1 a 6: no primeiro nível estão os livros permitidos a todos e no último, os totalmente proibidos, como O Capital de Karl Marx; Além do Bem e do Mal de Nietzsche; Cândido de Voltaire; O Evangelho Segundo Jesus Cristo de José Saramago; O Diário de um Mago de Paulo Coelho; Presente de um Poeta de Pablo Neruda; Ulisses de James Joyce; Madame Bovary de Gustav Flaubert; Em Busca do Tempo Perdido de Marcel Proust, entre outros.

* Com os textos de Mariana Sgarioni e Mauricio Manuel;
Opus Dei: Os Bastidores de Marcio F. da Silva, Dario F.
Ferreira e Jean Lauand, Verus – 2005 e Memórias Sexuais
no Opus Dei de Antônio Carlos Brolezzi, Panda 2006.
MARIA MADALENA


Maria Madalena é descrita no Novo Testamento como uma das discípulas mais dedicadas a Jesus Cristo. É considerada santa pelas igrejas Católica, Ortodoxa e Anglicana, sendo celebrada no dia 22 de julho. É também comemorada pela Igreja Luterana com festividades no mesmo dia. A Igreja Ortodoxa também a celebra no segundo domingo após a Páscoa. O nome de Maria Madalena a descreve como sendo natural de Magdala, cidade localizada na costa ocidental do Mar da Galileia.

É muito citada no Codex Sinaiticus: - valioso documento dos primeiros cristãos -. Estes escritos podem ser considerados de uma veracidade única. Podem ter sido baseados em fontes de primeira mão ou testemunhas oculares. Pode-se imaginar, como e o porque se fez um esforço tão grande para ocultar-los. Pode-se imaginar que esses escritos deviam ter relatos que não convinham aos teólogos revisores cristãos oficiais posteriores.

São Gregório Magno diz que Maria Madalena amava tanto a Jesus Cristo que não se afastou do seu sepulcro, chorando, sentia saudade daquela que julgava ter sido roubado. Por isso, somente ela o viu, porque somente ela perseverara. Ele é compara a Davi, quando no Salmo diz: -“ Minha alma tem sede de Deus e deseja o Deus vivo, Sl 41,3”. Ao reconhecer Jesus Cristo, imediatamente o coloca acima, chamando-o Mestre. O termo empregado por ela, "Rabuni", é mais solene que "Rabi", e é usado principalmente quando se refere a Deus, da mesma maneira que o fez, por exemplo, São Tomé.

Alguns escritores e estudiosos contemporâneos, principalmente Margaret George, Henry Lincoln, Michael Baigent e Richard Leigh, autores do livro O Santo Graal e a Linhagem Sagrada, 1982, e Dan Brown autor do romance O Código da Vinci, 2003, narram Maria Madalena como uma dos principais apóstolos, mulher de Jesus Cristo que teve com ele, inclusive, filhos.

Praticamente todos os teólogos cristãos consideram inaceitável a história narrada no romance de Dan Brown. Argumentam que Leonardo da Vinci se inspirou no Evangelho de João, no texto João 21:20, em que se fala do discípulo amado - que seria o próprio apóstolo João - e não propriamente nas passagens referentes à instituição da Última Ceia.

Outros estudiosos consideram a teoria fantasiosa, afirmando uma vez que a própria existência de Jesus Cristo não está comprovada até hoje, e que qualquer hipótese relativa a tão obscuras e confusas tradições e escritos pode ser levada em consideração para análises à luz indispensável da Ciência. Mas a história filosófica descreveu Jesus Cristo, como é o caso de Flávio Josefo e Públio Cornélio Tácito; o primeiro um historidor judeu e o último um bibliotecário romano que escreveu a biografia de Nero César.

A face feminina de Deus, como o foi Ísis e Eurídice, a representação da Sofia grega, que Pitágoras e Parmênides encaravam como a uma deusa é representada por Maria Madalena. Não basta aceitar e declarar a união espiritual da Madalena e de Jesus, para Margareth Starbird, é necessário reconhecer o papel arquetípico da sua união, uma união sagrada, que também ocorreu no plano físico.

Os Evangelhos de Maria Madalena trazem uma nova interpretação de quem teria sido Maria de Magdala. Segundo este evangelho, ela teria sido uma discípula de suma importância à qual Jesus Cristo teria confidenciado informações que não teria passado aos outros discípulos, sendo por isso questionada por Pedro e André. Ela surge ali como confidente de Jesus, alguém, portanto, mais próximo de Jesus do que todos os demais. Diz o Evangelo de Maria Magdala, em um trecho: - “O apego à matéria gera uma paixão contra a natureza. É então que nasce a perturbação em todo o corpo; é por isso que eu vos digo: Estejais em harmonia… Se sois desregrados, inspirai-vos em representações de vossa verdadeira natureza.”.

Até os dias de hoje o que parte das pessoas tem em mente sobre Maria Madalena é que, ela era uma prostituta arrependida de seus pecados e salva por Jesus.

Por quase 2 mil anos Madalena foi estigmatizada como uma mulher promíscua, devassa. Somente no ano de 1969 é que, o Vaticano acabou corrigindo essa afirmação, ou seja, 1.378 anos mais tarde.

Segundo o livro “O Código Da Vinci” de Dan Brown, e outros historiadores renomados afirmam que, “em lugar nenhum, a Bíblia diz que Maria Madalena era prostituta, e que essa representação de promiscuidade imposta a ela é difamatória e está errada. Na Bíblia, as imagens freqüentemente associadas a ela são a da pecadora que unge os pés de Jesus, Lucas 7, 36-38, a da mulher que derrama óleo perfumado sobre Sua cabeça, Mateus 26, 6-7, e a da esposa que está preste a ser apedrejada por adultério e é salva por Cristo, João 8, 3-12. Porém, nenhuma delas é, de fato, Madalena.

Jesus Cristo teria dito: - "Todas as espécies, todas as formações, todas as criaturas estão unidas, elas dependem umas das outras, e se separarão novamente em sua própria origem. Pois a essência da matéria somente se separará de novo em sua própria essência. Quem tem ouvidos para ouvir que ouça.", Evangelho segundo Maria Madalena.

domingo, 5 de setembro de 2010

ESPÍRITO RELIGIOSO

Sentimentos negativos acarretaram pouco a pouco o aprimoramento automático do psiquismo do Ser Humano. Isso começou quando se cristalizou as energias mal aplicadas do centro superior inferior de sua anatomia tri cerebral ora já desconectadas. Essas características foram passadas e sendo transformadas de geração em geração sob formas exteriores variadas.
Um dos conjuntos dessas ações e efeitos sobre os Seres Humanos antigos passou a ser chamada, por eles mesmos, como “Espírito Religioso”.
Essas cristalizações favoreceram o surgimento de uma tendência, servir somente a seus propósitos egoístas. Inventaram para perturbar a tranquilidade de seus semelhantes, diversas facções de “Ensinamentos Religiosos”. Quando conseguiam que outros acreditassem nessas fantasias religiosas, estes começavam a perder o censo de pensar por si próprios.
Estes hoje numerosos ensinamentos religiosos não têm mais nada em comum uns com os outros, mas todos estão baseados em uma só idéia e serem objetivos para induzir a distinção entre ‘O Bem’ e o ‘O Mal’. Não há necessidade alguma, agora aqui, de nos determos num amplo detalhamento histórico que esses funestos ensinamentos causaram aos ‘Seres Humanos’ durante séculos e séculos ao provocarem intermináveis discussões de idéias absurdas e guerras de aniquilamento mutuo.
Por misericórdia o nosso Pai Comum concedeu a poucas Individualidades Sagradas realizar a miúdo seu Trabalho Sagrado. Introduzir mais germes dessa ‘Individualidade Sagrada’, em outros indivíduos a fim de consumar mais personalidades responsáveis com o censo de Razão, e poderem tomar conhecimento da sua realidade interior e da Verdade que os circundava.
O que é estranho, é que até hoje, esses ensinamentos religiosos continuam manifestos pela cristalização dessa energia e em conseqüência também todos são vitimas dos seus próprios efeitos. Geram fanatismos ao tomarem tudo ao pé da letra. Jamais tomam em conta as circunstancias e a Verdade que lhe é dita e explicada. Alternam-se na conquista do poder através de cargos religiosos ou no Estado. Depois, como sempre foi feito, põem em pratica artimanhas para conquistar mais poder e justificativas para seus feitos egoístas. Em resumo, como resultado desses efeitos habituais as classes dirigentes sempre acabam, desde a aparição da primeira Religião até hoje, seja qual for a doutrina em que está fundamentada, sempre tenderem a se dividir em seitas menores. Nos últimos tempos engendrados pela sua curta Razão, tomam emprestadas umas idéias e doutrinas religiosas antigas e fundam outras religiões. Hoje temos novas religiões. As que se mantém até hoje estão divididas em cinco grandes ramos, com os nomes de Budismo, Judaísmo, Cristianismo, Islamismo e Lamaísmo. Sobre Budismo não falaremos agora. O Judaísmo está agora edificado sobre os ensinamentos de Santo Moisés, um autêntico Indivíduo Sagrado. Depois de Santo Moisés foi enviado do Alto outro Individuo Sagrado que estabeleceu as bases da religião contemporaneamente chamada de Cristianismo. Este Individuo Sagrado recebeu o nome depois de sua morte de Jesus Cristo e era um descendente direto de Santo Moisés. Depois de Jesus Cristo, sempre no continente da Ásia, apareceram dois Indivíduos Sagrados, sobre cujo seus ensinamentos fundamentaram-se as outras duas grandes religiões, Santo Mahoma e o Santo Lama.
Mais tarde os seus ‘sucessores’ se puseram também a desvirtuar esses ensinamentos religiosos, todos fundamentadas no Amor ao Próximo, convertendo-se naquilo que nosso famoso Mulaj Nassr Eddin chama de uma ‘Resplendorosa Terradiabrura Egocêntrica’. Uma variedade de varias dissidências que com variados detalhes externos mínimos chamaram a si mesmos de “Ortodoxos” ou de “Reformadores”, ou outros tantos nomes terminados em ‘oxos' ‘dores’, etc.
Todas as etapas da realização desses feitos pelos citados “Indivíduos Sagrados”, desde sua aparição em um corpo de “Ser Humano” sobre o planeta Terra e sua vivencia entre grupos de outros “Seres Humanos”, até suas violentas mortes, tiveram como missão também despertar uma Razão em seus psiquismos, o que já não ocorre hoje.